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Tecnologia paulista reduz em 30% tempo para criar gado com 21 arrobas

Sistema chamado Boi 7.7.7. vem sendo adotado nas principais regiões brasileiras produtoras de gado de corte
Produzir mais, com melhor qualidade e em menor tempo é, provavelmente, o sonho de todo produtor rural. Mas a ampliação da competitividade requer planejamento e adoção de tecnologias. Com o objetivo de disponibilizar um novo sistema à agropecuária brasileira, a Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) desenvolveu tecnologia inédita voltada à produção de gado de corte, chamada Boi 7.7.7. O nome se deve aos ganhos obtidos com o novo método: o animal alcança sete arrobas na desmama, sete na recria e outras sete na engorda, totalizando 21 arrobas no momento do abate. Este resultado é obtido em dois anos, no máximo. No sistema tradicional de produção são necessários, no mínimo, três anos para o animal atingir 18 arrobas. Além da produção precoce, a tecnologia pode aumentar em até 30% os lucros dos pecuaristas. A pesquisa para o desenvolvimento do Boi 7.7.7 é conduzida no Polo Regional da Alta Mogiana da APTA, localizado em Colina, interior paulista, e teve início há dez anos.
O sistema vem sendo adotado por produtores dos Estados de São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Goiás, Minas Gerais, Paraná e Rondônia, principais regiões brasileiras produtoras de gado de corte. Em 2015, os resultados foram apresentados pela primeira vez para o grande público durante o Circuito Expocorte 2015. Todos os cinco circuitos que compõem o evento, realizados em Cuiabá, Campo Grande, Uberaba, Araguaína e Ji-Paraná, tiveram o trabalho da APTA como discussão central. O primeiro circuito foi realizado em 11 e 12 de março de 2015. Os demais ocorreram em 29 e 30 de julho, 24 e 25 de setembro, 29 e 30 de outubro e 25 e 26 de novembro de 2015, respectivamente.
A produção de bovinos com qualidade e em tempo 30% menor requer estratégia. “É necessário que sejam utilizadas diversas ferramentas para atingir esse resultado. O trabalho envolve, principalmente, manejo de pasto e suplementação alimentar”, explica Gustavo Rezende Siqueira, pesquisador da APTA.
A dosagem da suplementação varia: quanto maior o peso do animal, maior a dosagem. “Essa suplementação ajuda na engorda e não causa nenhum prejuízo para a saúde do animal. Pelo contrário, ela proporciona maior bem-estar a ele”, afirma o pesquisador da APTA, Flávio Dutra de Resende.
Em uma produção normal, os pecuaristas precisam de três anos para fazer o giro — como é chamado o período entre o início da produção até o abate. Com a tecnologia da APTA, é possível fazer um giro e meio nesse período. Essa precocidade do sistema é importante para toda a cadeia pecuarista. “Tempo é dinheiro. Essa redução no tempo de permanência do animal no pasto aumenta em até 30% os lucros dos produtores”, afirma Resende. Apesar de os custos de produção serem maiores, os pecuaristas conseguem produzir mais em uma mesma área e ter produtos com qualidade superior para comercialização.
A tecnologia da APTA viabiliza também a produção de animais inteiros, ou seja, não castrados, com mais gordura de cobertura. Este ganho conserva melhor a carcaça no processo de refrigeração. De acordo com Resende, no sistema normal de criação, o animal inteiro engorda mais rápido, porém a camada de gordura de cobertura — importante para a proteção da carcaça durante o resfriamento — é menor. O pesquisador da APTA explica que, nos frigoríficos, a carcaça é conservada em câmeras refrigeradas e se a camada de gordura de cobertura for mais fina, a carne fica enrijecida. “É a mesma coisa que acontece com a gente. Por exemplo, se estamos sem camisa e entramos em uma sala com ar condicionado a 17ºC, tendemos a encolher de frio. Agora, se estamos mais bem agasalhados e entramos nesse ambiente, não temos esse problema. A gordura de cobertura é importante para proteger a carne”, exemplifica.
Benefícios ao longo da cadeia de produção
A redução do tempo de produção também traz benefícios para os consumidores, que podem ter acesso a carnes com melhor qualidade, incluindo sabor e maciez, além de coloração mais atrativa. “O consumidor escolhe o produto na gôndola do mercado pela cor. Quanto mais velha a carne, mais escura, o que gera desinteresse. A carne mais nova é melhor em tudo, em comparação com a velha”, afirma Resende.
Na avaliação do coordenador da APTA, Orlando Melo de Castro, como entidade gestora e executora da pesquisa agrícola, é necessário nortear as ações a fim de atender às necessidades dos setores de produção, que só podem ter êxito se tiverem seus produtos bem aceitos pelos mercados consumidores. “No caso da pecuária, é necessário produzir considerando a qualidade exigida pelos comércios, a sanidade dos rebanhos e a viabilidade econômica, além de minimizar os impactos ao ambiente. Nesse cenário, a tecnologia do Boi 7.7.7 atende a todos os quesitos. É uma grande contribuição da APTA a um setor altamente relevante para a economia nacional”, avalia Castro.
A nova tecnologia também traz ganho ambiental, pois a precocidade na produção de gado significa menor emissão de gás metano à atmosfera. Na escala de contribuintes para o aquecimento da Terra, este gás só fica atrás do dióxido de carbono (CO2).
Opinião do usuário
Alaor Ávila Filho, pecuarista de Indiana, Goiás, é um dos usuários da tecnologia chamada Boi 7.7.7, desenvolvida pela APTA. Ávila começou a adotar o sistema de suplementação intensiva em 2014 e aprova os resultados. Antes desse novo método, conseguia engordar até seis arrobas por cabeça, por ano. Agora, são alcançadas 11 arrobas.
A lotação de animais passou de 1,5 UA (unidade animal), por hectare, para 2,4 UA/ha, de 450 kg cada. Ávila conseguia produzir, em média, 15 arrobas por hectare, por ano. No histórico da sua propriedade, a melhor produção, até então, era de 20 arrobas por hectare. Com a pesquisa paulista, o produtor goiano consegue produzir, atualmente, 31 arrobas, por hectare, por ano.
“Foram três mudanças substanciais ao adotar a tecnologia da APTA. O investimento inicial foi três vezes maior, mas como a produtividade foi muito mais alta, o custo da arroba produzida caiu pela metade. Com isso, a rentabilidade da operação aumentou substancialmente”, afirma. Para se ter ideia, na safra 2012/2013, Ávila obteve lucro líquido de R$ 900,00, por hectare. Com a adoção do sistema Boi 7.7.7, este valor saltou para R$ 2.060,00, por hectare de lucro líquido, isto é, descontados todos os custos de produção.
Com a tecnologia da APTA, o produtor conseguiu mudar a estratégia de seu negócio. Na safra de 2014/2015, ele começou a comprar animais de sete arrobas, engordando mais sete e levando para um confinamento terceirizado, onde é feita a engorda das sete arrobas finais para abate. “Com essa mudança no meu sistema de criação, minha produção saltou de cerca de 1380 animais, por ano, para 2500”, conta.
Toda a produção de Ávila é certificada e exportada. O rebanho é composto por animais muito precoces, com abate até 26 meses, no máximo. A qualidade da alimentação e a idade garantem uma carne bovina de excelência aos consumidores. “Esse sistema requer organização e estratégia. Recomendo ao produtor ter um consultor para auxiliar, além de planejamento, estratégias e informações sobre custos, metas. Se o produtor for bem organizado, esse sistema da APTA é imbatível”, considera Ávila.
Polo Regional da Alta Mogiana da APTA
O Polo Regional da Alta Mogiana é uma das 14 unidades de pesquisa regional da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), vinculada à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, que é composta também pelos seis institutos de pesquisa agropecuária do Estado. O Polo Regional da Alta Mogiana, localizado em Colina, interior paulista, é formado por 2.480 hectares, sendo 30% dessa área destinada à reserva de mata.
Além dos trabalhos com pecuária de corte, os pesquisadores da Unidade da APTA trabalham para aumentar a produtividade e melhorar a qualidade do leite em pasto. Há também pesquisas para o desenvolvimento de cavalos da raça Brasileiro de Hipismo, disponibilizados para a Polícia Militar do Estado de São Paulo. Os trabalhos do Polo contemplam ainda avaliação de híbridos de milho e feijão, apoiando o programa de melhoramento genético do Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, com o objetivo de ampliar a produtividade das plantas, o desenvolvimento de novos materiais de seringueira e produção de citros adensado e controle do Huanglongbing (HLB).
Por  Fernanda Domiciano e Carla Gomes (MTb 28156)
Assessoria de Imprensa – APTA
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