bannergov2023 
×

Aviso

There is no category chosen or category doesn't contain any items

País pode ter nova expansão de fronteira agrícola

"O uso dos grãos para produção de etanol vai influenciar em uma expansão agrícola sem dúvida. É inevitável esta necessidade de expansão, o Cerrado volta a ser fronteira agrícola e novas áreas devem ser incorporadas", diz Fábio Turquino de Barros, analista da AgraFNP. Segundo dados da consultoria, entre a safra passada e a atual, a lucratividade do milho aumentou 160% e a da soja 60% nos Estados Unidos, chegando da US$ 800 e US$ 494 por hectare, respectivamente. Acompanhando esta tendência, no Brasil a lucratividade destes grãos também aumentou: 77% para o milho (US$ 350 por hectare) e 316% para a soja (US$ 250 por hectare), considerando o Paraná. Ele lembra que em alguns lugares, como em Mato Grosso, a lucratividade passou de negativa para positiva entre uma safra e outra. Segundo Barros, os preços do grão foram impulsionados pelo etanol, uma vez que a demanda por milho para o combustível é maior que a oferta. Para a próxima safra, o destino do grão para a produção de etanol será 50% maior que na anterior. Aliado a isso, o que deve influenciar a tendência para a próxima safra do Brasil é o plantio nos Estados Unidos, que começa em abril. Segundo o último levantamento do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda), o milho vai aumentar a área cultivada em 11,4%, ganhando espaço sobre superfícies antes plantadas com soja e algodão. "Isso deve deixar a soja mais promissora no Brasil", argumenta Barros. Segundo ele, a tendência é que reverta a queda verificada no cultivo de soja da safra atual, cuja redução foi de 6%. "Muitos produtores vão investir nas duas culturas e, para isso, precisarão usar outras áreas", avalia. As novas áreas viriam do Maranhão, Piauí e Tocantins, o que o analista considera a grande fronteira agrícola brasileira. Segundo ele, em curto prazo esta região tem uma vantagem logística: o escoamento pelo porto de São Luís. Além disso, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Bahia também devem ceder novas terras. Barros argumenta ainda que parte do crescimento do cultivo da próxima safra virá de pastagem e de terras que estavam em "pousio". "Os Estados Unidos não têm mais área para ampliar. Portanto, o crescimento da produção virá da Argentina e do Brasil. Mas só a gente tem fronteira a ser explorada", diz Rosimeire Cristina dos Santos, assessora-técnica da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Assim como Barros, ela também acredita em um retorno aos níveis de duas safras. Mas avalia que o crescimento pode ser freado pela falta de capacidade de investimento do setor. Diferente de outras grandes expansões, com nas safras 2002/03 e na 2003/04, quando a superfície cultivada aumentou, respectivamente, 9,3% e 7,9%, Rosimeire não espera que produtores venham a se aventurar no agronegócio. "A crise eliminou os aventureiros", diz. Segundo a assessora-técnica, junto com os preços mais remuneradores, o produtor deve arcar também com um custo de produção mais alto: de até 15%. Tanto Barros quanto Rosemeire lembram que no Brasil a soja tem mais liquidez que o milho, e isso deve influenciar a decisão de plantio. "O crescimento pode ser maior na soja e o produtor investir na safrinha de milho, como ocorreu neste ano", afirma. O analista da AgraFNP diz que isso já ocorreu neste ano, quando o País deve colher uma safrinha de milho recorde. (fonte: Gazeta Mercantil)