Feijão carioca IAC Milênio agrada toda a cadeia de produção
Um feijão com características que agradam o produtor rural, a indústria empacotadora e o consumidor será apresentado pela primeira vez ao grande público da Agrishow, pelo Instituto Agronômico (IAC), de Campinas. O sucesso do feijão IAC Milênio não está restrito a uma característica, mas ao pacote tecnológico composto por qualidade de grão de alto padrão no mercado, com caldo espesso e alto rendimento de panela, elevada produtividade agrícola, porte ereto que viabiliza colheita mecanizada, resistência à antracnose e à murcha de Fusarium, o que reduz em 30% a aplicação de agrotóxicos.
Lançado pelo Instituto em junho de 2013, o IAC Milênio é a milésima cultivar do IAC e o mais recente material de feijão. É resistente à antracnose, que danifica folhas e vagens, depreciando o produto, e à murcha de Fusarium, principal doença da raiz, que leva a planta à morte. “A resistência a essas doenças reduz em cerca de 30% a aplicação de agrotóxicos. Hoje o agricultor tem alto custo para controle da antracnose”, diz o pesquisador do IAC, Alisson Fernando Chiorato. No Brasil, o melhor trabalho envolvendo esta doença é do IAC. Ele afirma que o custo total de produção do feijoeiro varia de R$ 2 mil a R$ 6 mil, por hectare, sendo que grande parte desse montante envolve produtos químicos de prevenção e controle de pragas e doenças.
O IAC Milênio apresenta grãos claros e inteiros após o cozimento, com tamanho e formato almejados pela indústria, além de caldo encorpado apreciado pelo consumidor.
Esta soma de qualidades atribui ao IAC Milênio potencial para ser uma das cultivares mais plantadas no Brasil. “Atualmente, cerca de 20% do mercado nacional de feijão é ocupado por materiais do Instituto Agronômico. Na região de Goiás, na safra 2012/2013, foram produzidos 530 mil quilos de sementes da cultivar IAC Formoso, lançado em 2010”, afirma o pesquisador. Segundo Chiorato, é uma presença bastante elevada, considerando a alta tecnologia envolvida nas instituições públicas brasileiras dedicadas ao melhoramento do feijoeiro.
A cultivar IAC Milênio tem produtividade média de 2.831 kg/hectare, que é semelhante a outros materiais do mercado, e potencial produtivo de 4.625 kg/hectare. “São Paulo tem a maior produtividade média por área, no Brasil, em torno de 1.800 quilos por hectare, que ainda é baixo frente ao potencial produtivo da cultura, que fica acima de 4 mil quilos por hectare”, explica Chiorato.
De acordo com o gestor de suprimentos da Camil, João Carlos de Castro Alves, o Instituto Agronômico visualizou não só a importância da genética para o produtor, mas também para quem vai consumir e se aquele produto teria ou não aceitação dos consumidores. “O IAC vislumbrou que a pesquisa não deveria atender apenas a aspectos agronômicos, mas também à qualidade culinária. Hoje o IAC trabalha para aprimorar e incorporar maior teor de proteína e outros nutrientes ao feijão”, diz Alves.
Grão de alto padrão
O IAC Milênio apresenta grãos claros e inteiros após o cozimento, com tamanho e formato almejados pela indústria, além de caldo encorpado apreciado pelo consumidor. A qualidade do grão do IAC Milênio é a mesma do IAC Alvorada, lançado em 2008. Entretanto, o IAC Alvorada é suscetível à murcha de Fusarium “O IAC Milênio é uma cultivar de feijão carioca que em suas características extrínsecas e intrínsecas atende plenamente aos anseios de todos os elos da cadeia produtiva do feijão”, diz João Carlos de Castro Alves, da Camil.e por essa razão, hoje é produzido em áreas novas do feijoeiro, onde não há infestação da doença, e em propriedades com alta tecnologia. Chiorato afirma que o IAC Alvorada seria um dos feijões mais plantados no Brasil, se não fosse a suscetibilidade à doença que ataca a raiz. A avaliação do pesquisador é confirmada pela opinião de usuários da tecnologia IAC.
“Plantei por dois anos a IAC Alvorada, mas parei porque ela era muito sensível a doenças. O Alvorada é um feijão com grãos de qualidade e produtividade excelente. Até hoje foi o feijão com maior produtividade na minha propriedade. Se não fosse a sensibilidade das raízes à doença eu continuaria plantando”, diz Mariana Figueiredo Bergamo Salvador, que cultiva feijão em Avaré, interior paulista.
O pesquisador do IAC explica que o IAC Milênio vem do melhoramento do IAC Alvorada, com a mesma qualidade do grão e a vantagem de ser resistente à murcha de Fusarium. É exatamente o perfil desejado pela agricultora Mariana Bergamo. “Se tivesse semente de um feijão parecido com o Alvorada, mas resistente a doenças, eu plantaria com certeza”, diz.
O interesse é o mesmo de Altair Muller Corrêa, agricultor de Manduri, em São Paulo. ”Se tivesse uma cultivar do Alvorada resistente à doença de raiz, vixi, eu tenho muito interesse em plantar. Para o consumidor ele é muito bom”.
As pesquisas com o IAC Milênio começaram em 2007 e envolvem recursos do Governo paulista, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
IAC Formoso
O feijão IAC Formoso possui características que agradam agricultores e o mercado consumidor. Apresenta resistência à antracnose e resistência moderada à mancha-angular e à murcha de Fusarium. Com essas características, são reduzidas em até 30% as aplicações de agrotóxicos, diminuindo também os custos de produção e os impactos para o ambiente e a saúde do trabalhador. Já em relação à adaptação, a cultivar lançada na Agrishow de 2011 é recomendada para toda a região Sudeste, além do Sul e Nordeste. A taxa de produtividade depende da tecnologia adotada, mas a média é de dois mil a quatro mil quilos por hectare.
Na panela
Para o consumidor, o IAC Formoso destaca-se por apresentar alto valor proteico, com cerca de 24% de proteína, e exigir menor tempo para o cozimento, ele fica pronto em cerca de 20 minutos na pressão.
IAC Imperador
A cultivar de feijão IAC Imperador é precoce, tem ciclo de 75 dias, enquanto outras do mercado apresentam ciclo de 85 a 95 dias. Esse perfil atrai os produtores por viabilizar o retorno financeiro mais rápido e o consórcio com milho e soja, por exemplo. O IAC Imperador é resistente às principais doenças da cultura, como a antracnose, e é tolerante à murcha de Fusarium, reduzindo em até 30% o controle químico. O material tem produtividade média de 2.266 quilos por hectare. Lançado em 2012, é recomendado para os Estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina, principais regiões produtoras de feijão do País.
Na panela
O feijão IAC Imperador se destaca pela alta qualidade do produto final, com grãos claros e inteiros após o cozimento, obtido em torno de 20 minutos na pressão, e com valor proteico que chega a 21%, sendo inferior somente ao IAC Formoso.
Aplique Bem começará a realizar treinamentos na Costa do Marfim em 2014
O Programa Aplique Bem, exposto há sete anos na Agrishow, começa a se internacionalizar. A Costa do Marfim é o primeiro país que vai receber o Programa desenvolvido pelo Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, em parceria com a empresa Arysta LifeScience. O projeto piloto começará a ser desenvolvido em terras africanas ainda em 2014.
O Programa, que transfere a tecnologia de aplicação de agrotóxicos e avalia pulverizadores, já fez 1.400 treinamentos, com cerca de 36 mil trabalhadores rurais, em 640 municípios, de 21 Estados brasileiros, além do Distrito Federal.
Com sucesso no Brasil, o trabalho seguirá para a Costa do Marfim e já foi procurado pelo México e Vietnã. O País africano tem perfil de agricultura familiar, quase de subsistência, mas é também o maior produtor mundial de cacau. “A procura do Aplique Bem por outros países ocorreu porque eles entenderam a proposta do Programa e se interessaram pela maneira simples e eficaz com que transmitimos as informações”, explica Hamilton Humberto Ramos, pesquisador do IAC e coordenador do Programa.
O objetivo do Programa na África é o mesmo buscado no Brasil: ensinar de maneira prática o trabalhador aplicar agrotóxicos, melhorando os resultados, a qualidade de vida, a saúde e a segurança alimentar dos consumidores. Ramos explica que ainda são poucas as informações que o IAC e a Arysta têm da qualidade da aplicação na Costa do Marfim. “Não sabemos a situação que o país está e, por isso, iremos para Costa do Marfim levantar algumas informações. Acreditamos, porém, que encontraremos falhas parecidas com as cometidas pelos produtores brasileiros”, afirma.
Segundo o CEO da Arysta LifeScience na América Latina, Flavio Prezzi, pelo sucesso no Brasil, foi identificado que o Aplique Bem poderia ir para qualquer lugar, em qualquer país. “Nosso interesse em levar para a Costa do Marfim se deu porque, além da contribuição social, a aplicação correta de defensivos afeta de forma positiva a economia dos pequenos agricultores”, explica.
Entenda como vai funcionar na África
Na Costa do Marfim, o Aplique Bem continuará tendo a parte técnica coordenada pelo IAC e a de logística, pela Arysta. Um técnico africano será treinado pelo Instituto Agronômico e se tornará um multiplicador de conhecimento, em seu país de origem, a outros técnicos contratados. A princípio, um tech-móvel – veículo adaptado para a atividade - será disponibilizado para a realização dos treinamentos, mas essa estrutura tende a ser ampliada conforme a necessidade e interesse pelos trabalhos.
IAC coordena consórcio internacional de EPI ao lado do Ministério da Agricultura da França
O Brasil é líder mundial em informações sobre a qualidade de vestimentas agrícolas, graças ao trabalho do Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, responsável pelo Programa IAC de Qualidade em Equipamentos de Proteção Individual (QUEPIA). Por esse motivo, o Instituto foi eleito coordenador do Consórcio Internacional para Desenvolvimento e Avaliação de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) para Aplicadores de Agrotóxicos e Trabalhadores em Período de Re-entrada juntamente com o Ministério da Agricultura da França.
Além do Brasil, fazem parte do Consórcio os seguintes países: Estados Unidos, Inglaterra, Espanha, França, Alemanha, Turquia, África do Sul, Taiwan e Suíça.
Em 2014, pesquisadores do IAC apresentarão dois trabalhos na área, durante a 6.ª Conferência Europeia de Vestimentas de Proteção, na Bélgica, além de participarem da organização da 1.ª reunião do Consórcio, na França.
“O problema de qualidade hoje é mundial. O objetivo com essa comissão é que outros países trabalhem em parceria com o Brasil na avaliação da qualidade das vestimentas agrícolas e, com isso, melhorem a qualidade dos equipamentos. Somos um modelo para o mundo”, afirma Hamilton Humberto Ramos, pesquisador do IAC e coordenador do QUEPIA.
Primeiro programa de certificação voluntária de qualidade dentro da área de segurança na agricultura
O QUEPIA começou a ser desenvolvido pelo IAC em 2006 e, desde então, vem gerando dados inéditos sobre a qualidade das vestimentas agrícolas, disponibilizados no Brasil e no exterior. A consagração do Programa veio com a organização, em 2012, do primeiro encontro internacional de equipamentos de proteção individual (EPI), realizado na Sede do IAC, em Campinas. Em 2013, as discussões foram aprofundadas e houve as primeiras apresentações de resultados no segundo encontro internacional, realizado na Grécia.
IAC desenvolve técnicas que garantem a qualidade das vestimentas de proteção para agrotóxicos no Brasil
Recurso fundamental na aplicação de agrotóxicos é o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) agrícola, que evitam o contato direto entre o trabalhador e o agrotóxico e, consequentemente, reduzem significativamente os problemas de saúde decorrentes dessa interação. No Brasil, não existia, até outubro de 2009, uma norma de certificação dessas vestimentas. A empresa fabricante se responsabilizava pela qualidade do seu produto, sem uma avaliação externa. A situação do País começou a mudar com a ação do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e o trabalho pioneiro do Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, ao propor normas de certificação e oferecer ao mercado um laboratório de avaliação de vestimentas, credenciado pelo MTE.
O resultado? Produtos de melhor qualidade no mercado e o posicionamento do Brasil como o país com mais informações sobre a qualidade de vestimentas de proteção individual agrícola.
O IAC tem um dos dois laboratórios credenciados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) para avaliar EPI para a agricultura. No laboratório do IAC, em Jundiaí, interior paulista, são analisados aspectos relacionados às resistências químicas e físicas, que envolvem a penetração de calda de agrotóxicos por meio do tecido das vestimentas e das costuras. Esse referencial é usado para identificar problemas na confecção, envolvendo não só a qualidade da matéria-prima como também a adequação do molde adotado. Outro parâmetro está na resistência ao número de lavagens da roupa. “Ao encaminhar a peça para avaliação no laboratório do IAC, a empresa fabricante deve especificar o número de lavagens a que deve ser submetido o equipamento, sem perda de proteção”, explica Hamilton Humberto Ramos, pesquisador do IAC e coordenador do QUEPIA.
Um dos diferenciais do trabalho do Instituto Agronômico está no momento da avaliação dos materiais. A análise de EPI não fica restrita às amostras enviadas pelas empresas, mas se estende ao longo de sua permanência na comercialização, por meio de amostragem controlada de EPI. Esse processo significa que as empresas têm que manter no comércio equipamentos com a mesma qualidade apresentada para obtenção de aprovação, visto que as amostras podem ser coletadas a qualquer tempo e em qualquer ponto de revenda.
Em 2011, o IAC avaliou 171 vestimentas de proteção individual para riscos químicos com agrotóxicos de diferentes fabricantes e modelos. Os resultados desses testes apontaram que apenas 49% das vestimentas analisadas atendiam ao padrão mínimo de qualidade. De acordo com as análises do IAC, a falta de uniformidade entre o tecido da mesma amostra foi a principal causa de reprovação. Quando o QUEPIA começou, praticamente 100% das vestimentas foram reprovadas.