O novo Laboratório de Acarologia, em Campinas, do Instituto Biológico (IB-APTA), vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, vai atender o setor em todo o Brasil, em melhores condições de trabalho. O diretor do IB, Antonio Batista Filho, destaca o fato de que a importância do assunto vem crescendo nos últimos anos. “Muitas das plantas cultivadas são atacadas por pragas, dentre as
quais se encontram ácaros. O número de novas espécies de ácaros fitófagos, reconhecidamente importantes como pragas ou vetores de vírus, tem aumentado consideravelmente nos últimos anos no Brasil.”
Entre as novas espécies de ácaros já presentes no Brasil, ele cita Raoiella (ácaro vermelho das palmeiras), Schizotetranychus hindustanicus (ácaro hindu dos citros) e Eriophyes litchii (ácaro da erinose da lichia). Para as duas primeiras espécies, pesquisadores do IB, em parceria com o Ministério da Agricultura e a Embrapa Roraima, realizam ações, visando à contenção e ao controle das pragas principalmente em Roraima.
“Caso essas espécies se disseminem pelo país, podem causar prejuízos da ordem de centenas de milhões ou bilhões de reais para o setor agrícola nacional”, avisa Batista Filho. O ácaro vermelho das palmeiras chega a causar 50% de redução na produção de coco em alguns países onde a praga se estabeleceu. Além disso, essa espécie apresenta um grande número de hospedeiros, incluindo bananeira, ornamentais e feijão.
No caso do ácaro da erinose da lichia, a espécie foi relatada pela primeira vez no Brasil em 2008 por técnicos do IB, conta Batista Filho, e tem se disseminado pelo Estado de São Paulo, causando considerável prejuízo aos agricultores. Além das espécies novas, diversos ácaros fitófagos, como o ácaro-da-leprose dos citros e o ácaro rajado, causam elevados prejuízos à agricultura brasileira.
No caso do ácaro da leprose (transmissor do vírus da leprose dos citros), o diretor do IB informa que são gastos anualmente de 60 milhões a 100 milhões de dólares apenas com a aplicação de acaricidas para o seu controle. Os prejuízos globais chegam a mais de 300 milhões de dólares em citros devido a essa única espécie. A espécie (B. phoenicis) também é transmissora do vírus da mancha anular do cafeeiro, presente nas principais regiões produtoras do país.
No caso do ácaro rajado, Batista Filho diz que a praga causa sérios prejuízos em culturas como morangueiro, plantas ornamentais (rosa, crisântemo, gérbera), mamão, algodão, feijão e pêssego. Já foram catalogadas cerca de 800 espécies de plantas hospedeiras.
“Uma das sérias dificuldades enfrentadas pelos agricultores é o desenvolvimento de resistência da praga a acaricidas. O controle dos ácaros-praga ainda tem sido realizado principalmente com o uso de agrotóxicos, que gera uma serie de problemas como a intoxicação de agricultores, resíduos de produtos químicos em alimentos e contaminação ambiental.”
Os pesquisadores do IB concentram esforços para solucionar ou minimizar os problemas causados por esses ácaros-praga, desenvolvendo pesquisas que visam ao seu controle, principalmente atrás do uso de inimigos naturais, como ácaros predadores da família Phytoseiidae. “Além disso, os pesquisadores têm realizado um número considerável de palestras e cursos de treinamento sobre identificação e manejo de ácaros no Estado de São Paulo e em outros Estados do país”, conta Batista Filho.
Exportação
Os pesquisadores da área de Acarologia do IB, agora lotados no Laboratório de Acarologia, têm realizado diversas análises em amostras destinadas à exportação, para atestar a ausência (ou presença) de algumas espécies de ácaros fitófagos, como Brevipalpus californicus entre outras, consideradas de importância quarentenária em alguns países importadores de frutas, observa o diretor da instituição. Os pesquisadores também atendem produtores interessados em identificar os ácaros-praga que atacam suas plantações e fornecem orientações para o seu controle.
Para a criação do Laboratório de Acarologia, o governo do Estado investiu em obras de infraestrutura aproximadamente R$ 100.000,00. Agências de fomento como a FAPESP (Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo) e o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico) também contribuíram na compra de equipamentos e reagentes, além de pagamento de bolsas de pós-doutorado, mestrado e iniciação científica para os estudantes que auxiliam na condução dos trabalhos no laboratório.
Em termos de equipamentos, a FAPESP contribuiu nos últimos anos com mais de R$120.000,00. Atualmente, a FAPESP financia dois projetos de pesquisa (em vigor), cujo montante é de aproximadamente R$ 120.000,00, devendo-se somar a isso uma bolsa de pós-doutorado, duas de mestrado, uma de treinamento técnico e uma de iniciação científica.
Já o CNPq contribui por meio do apoio a dois projetos (R$ 21.000,00, no último ano), além de bolsas de produtividade em pesquisa, mestrado e iniciação científica. O valor em bolsas de estudo (FAPESP + CNPq) já aprovado para os próximos 12 meses é de aproximadamente R$ 134.000,00.
Assessoria de Comunicação da APTA
José Venâncio de Resende
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