Ao se comemorar 60 anos de truticultura no Brasil, o peixe ganha as mesas e o paladar dos seus apreciadores, com a técnica de criação cada vez mais aperfeiçoada. Um dos ciclos mais importantes da história da piscicultura brasileira teve início em 1949, com a realização de trabalhos destinados a estudar a possibilidade de aclimatação, no Brasil, da truta arco-íris, espécie de grande valor comercial e turístico, diz Hélio Ladislau Stempniewski, pesquisador aposentado do Instituto de Pesca (IP-APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento.
Segundo Stempniewski, coube a Ascânio de Faria, médico-veterinário e pesquisador da Divisão de Caça e Pesca do Ministério da Agricultura, coordenar as pesquisas que culminaram com a aclimatação dessa espécie em rios brasileiros.
Em 1953, a Divisão de Proteção e Produção de Peixes e Animais Silvestres (hoje Instituto de Pesca), vinculada ao então Departamento de Produção Animal da Secretaria da Agricultura, iniciou estudos de rios situados na Serra da Mantiqueira, mais precisamente no município de Campos do Jordão. A equipe, chefiada por Pedro de Azevedo, realizou observações sobre as características físicas, químicas e biológicas das águas do rio Sapucaí-Guaçu e seus pequenos afluentes.
Para dar continuidade a um extenso programa de pesquisas, a Divisão de Proteção e Produção de Peixes e Animais Silvestres necessitava de uma base em local adequado às exigências ecológicas da truta, ou seja, águas frias, de baixas temperaturas e ricas em oxigênio, explica Stempniewski. O Parque Estadual de Campos do Jordão, pertencente ao então Serviço Florestal (hoje Instituto Florestal), foi escolhido como o local ideal para a instalação de um laboratório com cochos adequados à incubação de ovos. Em 30 de setembro de 1960, um convênio assinado entre o Serviço Florestal e o Departamento da Produção Animal destinava uma área para a construção do laboratório.
Em julho de 1960, observa Hélio Stempniewski, a Secretaria da Agricultura recebeu a primeira doação do exterior, de cerca de 50 mil ovos ofertados pelo governo do Chile. A falta de tanques adequados para a manutenção de larvas e alevinos levou os pesquisadores a optar pelo povoamento em vários rios.
Em novembro de 1969, o recém-criado Instituto de Pesca recebeu novamente uma doação de 50 mil ovos embrionados do governo dos Estados Unidos. Já em princípios da década de 1970 importaram-se 60 mil ovos da Argentina e, em 1971, 60 mil da Alemanha. Em 1971, foram enviados alevinos para os estados do Paraná e de Santa Catarina.
O início dos anos 1970 marcou o crescimento do interesse pela criação industrial de truta. Com o êxito alcançado pela sua aclimatação nos rios da Serra da Mantiqueira, os pesquisadores ampliaram o programa de pesquisas.
Atualmente, a APTA (Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios) mantém a Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento de Campos do Jordão, onde se prosseguem as pesquisas sobre trutas. A UPD está localizada no Parque Estadual s/nº, Horto Florestal, Caixa Postal 361, CEP 12460-000, Campos do Jordão (SP). Outras informações podem ser obtidas pelos telefones (12) 3663-1021 e 3663-6450 ou pelos e-mails: maryar@uol.com.br e updcamposdojordao@apta.sp.gov.br
Link: artigo “A trajetória da truticultura no estado de São Paulo, no período de 1949 a 1999”, de Hélio Ladislau Stempniewski.
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